Local 11
Mudança de clima e o fogo de Santelmo
As três semanas de viagem rumo ao sul pela costa do Brasil foram de progresso muito lento com muitas rajadas de ventos. Darwin achou os ventos intermitentes e mar agitado irritantes, voltando a se sentir nauseado. Planejavam aportar em Cabo Frio, mas relâmpagos fizeram o Beagle seguir a rota direto ao Sul.
Ao se aproximar do morro de Santa Marta a tripulação do Beagle recordou que foi nessa região que o navio enfrentou seus piores ventos na última expedição quando retornava à Inglaterra.
Por causa das águas rasas e a corrente do Sul, com temperatura marítima mais fria, houve uma brusca mudança de clima quando navegavam na direção do cabo de Santa Maria. Os ventos gélidos fizeram a temperatura baixar para 15° C, e Darwin percebeu que sentia mais frio do que a tripulação, muito provavelmente porque seu corpo havia se habituado ao clima quente do Rio de Janeiro.
No dia 22 de Julho, Darwin descreve um fenômeno conhecido como “Fogo de Santelmo”:
Estamos acerca de 50 milhas do cabo de Santa Maria, Acabo de vir ao convés: a noite representa um espetáculo extraordinário; a escuridão do céu é interrompida pelos mais vivos relâmpagos. Os topos de nossos mastros e as pontas dos mastaréus brilhavam com o fluido elétrico brincando a seu redor. O formato da biruta quase podia ser traçado como se tivesse sido esfregado com fósforo. Para completar esses fogos de artifício naturais, o mar estava tão incrivelmente luminoso que podíamos rastrear os pinguins pela faixa de luz em seu encalço. Como a noite parecia suja e havia pesadas rajadas de chuva e de vento, soltamos nossa âncora.