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O legado de Darwin
Darwin viveu em um época em que a sociedade acreditava que o surgimento do planeta estaria ligado aos dogmas da Igreja, e que o meio ambiente era imutável. O início do século XIX foi uma época de grandes descobertas científicas, sobretudo da biodiversidade do planeta, através das pesquisas dos célebres naturalistas viajantes, que encontram a natureza pouco alterada, principalmente nas regiões inóspitas e hostis.
Pode-se dizer que Darwin estava no lugar certo na hora certa. Charles apresentava a curiosidade, determinação e coragem necessárias para observar a natureza ainda inalterada, e questionar-se sobre o surgimento de novas espécies no planeta, sem as amarras da religiosidade. Mesmo não tendo o conhecimento da hereditariedade, que seria vislumbrada décadas depois por Gregor Mendel, e a descoberta do DNA por James Watson e Francis Crick, teve a ousadia de propor a seleção natural, que pode ser aplicada a qualquer tipo de vida em todo lugar.
A amizade de Darwin e FitzRoy permaneceu por toda a vida. FitzRoy tornou-se Vice-Almirante da Almirantado Inglês e foi eleito sócio da Royal Society em 1851, pela sua contribuição na hidrografia, astronomia náutica e por suas medições precisas da rede de distâncias meridianas na circunavegação do HMS Beagle. A Royal Society nomeou-o como estatístico meteorologista oficial para a melhoria da previsão do tempo atmosférico. Apesar de grande contribuição nas ciências atmosféricas, foi alvo de severas criticas injustas. Por sofrer de depressão, não conseguiu lidar com a injustiça, e suicidou-se em 30 de abril de 1865, aos 59 anos. Atualmente, o Vice-Almirante FitzRoy é considerado o pai da meteorologia na Grã-Bretanha.
Ainda em vida, Darwin foi reconhecido como grande naturalista, até mesmo pela Igreja Anglicana. Faleceu aos 73 anos, em Down House, no dia 19 de abril de 1882. Seus amigos da Royal Society cuidaram para que recebesse um funeral de Estado e fosse enterrado na Abadia Westminster, ao lado de Isaac Newton, Charles Lyell e William Herschel.
Sua teoria desconstruiu dogmas religiosos e mudou a forma de pensar em inúmeras áreas da ciência. Entretanto, ainda é pouco explorado seu lado de excelente observador do meio físico e sua curiosidade pela natureza. Sua capacidade de descrever os lugares por onde esteve e as pessoas que encontrou, é admirável e apaixonante, tornando seu diário da viagem do Beagle um livro marcante.
Com o passar dos anos, encontrou a paz interior que o afastava de Deus e aceitou as forças da natureza que movem todos os processos naturais de transformação da vida no planeta chamando-o como o “Sopro do Criador”.
Escrito no período
Darwin em seu livro “Origem das Espécies” procurou mostrar que na natureza tudo está conectado e relacionado:
Com base nesses princípios, podem ser explicadas a natureza das afinidades e as distinções em geral bem definidas entre os inumeráveis seres orgânicos de cada classe através do mundo.
É, de fato, uma verdadeira maravilha – que costumamos deixar de perceber por nos ser tão familiar – que todos os animais e todas as plantas através de todos os tempos e espaço devem estar relacionados entre si em grupos, subordinados a grupos, de tal maneira que vemos por toda a parte variedades da mesma espécie mais intimamente relacionadas, espécies do mesmo gênero menos inteiramente relacionadas e, de modo desigual, formando subfamílias famílias ordens, subclasses e classes.